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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Tempos difíceis

Não tenho escrito porque tenho passado por fases difíceis na minha vida.
Desde que soube que estava grávida que sabia à partida que teria de dar a minha cadela. Ela é um Samoiedo, tem 7 anos e meio, e tem leishmaniose canina. Não é por ser doente, evidentemente, mas porque o quintal que temos é minúsculo, e não temos condições para ter um cão que larga tanto pêlo e que suja tanto e uma criança. É apenas pelas condições de higiene... e também porque a Luna dá muito trabalho, por causa do pêlo e dos cheiros, enfim... teve de ser. Ela foi embora na quarta feira, e não foi fácil. A presença dela não passa despercebida e agora parece que a casa está vazia sem ela aqui.
A Luna nasceu a 5 de Agosto de 2004, pouco tempo depois a minha mãe falou-me na existência dela e perguntou se eu a queria. Avisou-me logo que ia dar trabalho e que ela teria de ir comigo para Beja. Eu estava na base de Beja nessa altura, e uma amiga minha que estava na base também usava o antigo canil da cinotecnia para ter a cadela dela, assim como outros militares. Não pensei duas vezes, falei com ela para arranjar um lugar para a Luna e disse logo que sim, que a queria... Mais ou menos quando a Luna tinha duas semanas fui vê-la. Bem fui ver três cachorrinhos e não sei bem qual deles era ela... no dia 5 de setembro de 2004 bateram à porta da minha mãe e eu fui abrir, e aparece-me a dona dos cães com a Luna agarrada por baixo dos braços e diz: "-Olá mãe!" Peguei logo nela, coitada com um mês de idade só fazia era dormir e veio comigo para o alentejo nesse mesmo dia... com muitas paragens pelo caminho (risos). Desde então temos sido inseparáveis, apenas passei uma semana seguida longe dela, mas foi porque fui para a Covilhã num destacamento da minha Esquadra e os meus pais ficaram com ela. De resto nunca passámos mais do que dois ou três dias separadas. 7 anos de memórias, em 7 anos ela esteve sempre lá, e às vezes parece que até percebia que eu não estava bem. Em 7 anos muita coisa aconteceu, entre lágrimas e gargalhadas e companheirismo. Confesso que nem sempre fui justa com ela, às vezes perdia a paciência quando ela se portava mal, ou quando se tornava chata porque estava sempre a pedir atenção... Mesmo assim sinto a falta dela, e foi a coisa mais difícil e mais dolorosa que eu alguma vez fiz na vida foi ter de a dar. No entanto sei que ela vai ser muito mais feliz lá do que seria aqui. Com um bebé a caminho não restaria muito tempo para lhe dar a atenção e os mimos que ela merecia e as pessoas que ficaram com ela, felizmente não são totais desconhecidos e sei que adoram animais. Além disso posso ir vê-la quando quiser... ainda não fui porque acho que isso acabaria por tornar as coisas mais difíceis tanto para mim como para ela. Mas sei que logo na quarta feira, quando a vieram buscar que andou a brincar na rua nessa noite, coisa que aqui era impensável, pelo menos não sem trela. E no dia seguinte de manhã foi com a mãe da nova dona ao pão. Ela adora passear, e só por isso sei que está mais feliz. Também sei que até anteontem dormia e comia bem, e estavam a enchê-la de mimos e goluseimas. Não poderia ter encontrado melhores donos para ela. Ainda assim sinto muito a falta dela, às vezes oiço um barulho aqui em casa e fico sossegada porque penso que é ela, depois é que raciocino e me lembro que ela já cá não está e quando vou ver é a nossa gata Ísis. Custa-me chegar a casa e não ter uma de duas coisas: Ou uma recepção efusiva de boas vindas ou uma cadela escondida encolhida a um canto no quintal a ganir baixinho porque fez asneira. Há muitas situações que faziam parte do nosso dia a dia que já não fazem, e está a ser-me difícil habituar. Ainda ontem estava a fazer o jantar, e era com atum, dei por mim a abrir as latas de atum devagaríssimo porque a Luna era doida por atum e não podia ouvir abrir-se um lata que vinha logo a correr e depois não me saía da frente dos pés. Depois é que me lembrei que afinal não era preciso estar com tanto cuidado. Enfim foram muitas lágrimas nestes últimos tempos, e só escrevo agora porque só agora é que me sinto suficientemente recuperada para escrever sobre o assunto sem que me desfaça em lágrimas.
Enfim, para dificultar tudo isto também terminei o Programa Ocupacional em que estava inserida e, consequentemente, passo mais tempo em casa. Quarta feira passada foi um dia de muitas despedidas. Depois ainda há a nossa gata que anda meio triste também, apesar de elas aparentemente não se darem muito bem, eram a companhia uma da outra. Quer dizer, elas não se davam bem à nossa frente porque se nos esquecêssemos da porta do quarto aberta quando saíamos, iam as duas dormir para a nossa cama.

Sobre o bebé. Então fiz o tal rastreio à 13ª semana e a médica disse-me para lhe ligar dali por duas semanas para saber o resultado no caso de ser necessário fazer a amniocintese, foi o que fizemos na quinta feira, e o resultado revelou que à partida estava tudo bem e que não seria necessário. Hoje estou com 15 semanas e 6 dias, amanhã entro na 16ª semana. Já fui à segurança social pedir os impressos para o subsídio de natalidade. Tinha andado a pesquisar e pelo que tinha visto em fóruns só se recebia a partir da altura em que metêssemos os papeis, mas afinal não é assim, a senhora da segurança social que era muito simpática disse-me logo que não fazia mal eu pedir só agora porque ia receber a partir da 13ª semana. É uma boa notícia. Bem, não há nada de novo a acrescentar, tenho a consulta mensal no dia 14 e algures durante essa mesma semana tenho a consulta com a obstetra, vamos tentar ver o sexo do bebé. Espero que consigamos saber, para podermos começar a comprar as coisinhas :)

P.S.: Esta é a minha amiga Luna de quem eu estou a morrer de saudades:

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